Meu Presidente, Queridos amigos e companheiros Conselheiros, Sr. Procurador Chefe da Fazenda do Estado, Queridos servidores, demais presentes. Meus amigos.
Começo dizendo que nada teria sido possível se não fosse a sólida família que tive e tenho. Refiro-me aos meus saudosos e queridos pais, Julia e Fulvio, que aqui já não estão presentes fisicamente, como quando de minha posse há quase 19 anos atrás, mas que, por certo, presentes em espírito; como naquela ocasião, agora também devem estar orgulhosos com este filho que deixa esta Casa com a sensação do dever cumprido e isso credito à educação e aos exemplos que deles recebi.
À minha mulher Arminda, querida companheira de 42 anos e guerreira na vida, meus filhos Fábio, Cláudio e André, minhas noras Maria Flávia, Marta e Fabiana, meus amados netos Maria Valentina, Lorenzo e Helena, agora responsáveis pela longa metragem da continuidade, o meu beijo e meu agradecimento comovido pelo amparo que sempre me deram.
Queria ser formal. Queria dizer algo erudito. Queria, enfim, sair de cena com um discurso de quem somente cumpre o protocolo.
Mas se assim o fizesse, muitos diriam esse não é o Fulvio Biazzi de todos os dias.
Por isso quero que esta derradeira saudação deixe-lhes a lembrança autêntica de nossa convivência.
Foram quase dezenove anos, que na equação aritmética dos anos por mim trabalhados, perto de cinquenta, mais de um terço dediquei inteiramente a esta Casa. E como fui feliz. Não! Como sou feliz, essa é a afirmação correta.
Aqui neste Tribunal, integrando este cenário maior, nosso Plenário, pude perceber quão valiosa é a convivência harmônica, carregada de sinceridade, lealdade e o mais importante, AMIZADE. Como sou grato, senhores Conselheiros, pelas tantas vezes que tive em Vossas Excelências o espírito daqueles que querem construir soluções e que rejeitam a discórdia e obstáculos desprezíveis para marcar posições que, em nome da independência, seria tão somente um arroubo de vaidade e egoísmo.
Vossas Excelências emolduraram minha passagem por esta Corte criando-me a viva sensação de que hoje desligo-me definitivamente da incansável rotina processualística, mas nunca dos laços fraternos que não serão desfeitos com o meu desligamento.
Quero e seremos amigos sempre!!!
Penso que não devo fazer prestação de contas do honroso cargo de Conselheiro que ainda exerço por algumas horas. Penso que a minha prestação de contas se resume na conduta que adotei e que talhada pela ação digna e rigorosa que meus pais me fizeram ver a mais acertada.
Saio sem nenhum ressentimento e disse ontem aos meus companheiros da E. Primeira Câmara que me preparei bem para esquecer processos, despachos, votos, acórdãos e a amável papelada que nos cerca e que, para minha felicidade, sai de cena comigo e assim escapo de participar da avassaladora, mas indispensável, ação da tecnologia da informática.
Nesse ponto, perdoem-me os outros, mas outorgo ao meu irmão e sempre chefe Cláudio Alvarenga para representar-me e dizer por mim o que deva ser dito daqui para frente.
É só uma brincadeira!!!
Na literatura diz-se que em nenhum outro idioma existe vocábulo que traduza o que conhecemos como saudade. E Camões, nos Lusíadas, empregou-a com notável precisão ao narrar a dor que o separava da pátria querida. E eu, apropriando-me dessa passagem poderia dizer da dor que sentirei com a separação deste Tribunal.
Não! Isso não vai acontecer!
Primeiro porque resolvi abolir do meu dicionário a palavra saudade e depois porque eu não deixarei que me pegue porque tudo está em minha memória.
Claro que minha passagem pelo Tribunal tem credores que quero, neste momento, em nome deles reverenciar a todos, mas refiro-me particularmente ao meus gabaritados, Gabinete e Cartório.
Formado por um grupo de pessoas responsáveis, competentes, dedicadas, leais e fiéis. Sem elas certamente não teria tido a estrutura que me permitiu exercer com paz a minha missão. Não vou nominar, mas o meu agradecimento à minha querida equipe é eterno.
Quero voltar ao passado:
"Exercerei minhas funções neste Egrégio Tribunal com absoluta tranquilidade e acendrado espírito de Justiça.
Não disseminarei a intolerância e tampouco atropelarei o Direito.
Não desempenharei minha obrigação, aqui, para agradar a ninguém.
Da mesma forma, não aceito e não aceitarei ser patrulhado por ninguém.
Procurarei fazer Justiça. Deus será o juiz dos meus atos nesta Casa".
Palavras minhas em 22 de março de 1994. Sessão especial do Egrégio Tribunal Pleno, quando da minha posse.
Tudo começava, no mesmo lugar onde hoje tudo acaba.
Acho que fiz o que prometi!!!
Muito obrigado a todos. OBRIGADO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Até um dia.