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13/07/17- SÃO PAULO- O Tribunal de Contas de São Paulo homenageou ontem os combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932 durante sessão no plenário da Casa. No último domingo, o Estado celebrou o 85º aniversário da guerra civil, iniciada quando os paulistas pegaram em armas para defender a criação de uma nova Constituição no país.

“A data é motivo de orgulho porque nosso Estado, embora tenha sido derrotado pelas tropas federais, manteve-se fiel aos valores democráticos, contribuindo de maneira decisiva para a formação da consciência cívica brasileira”, disse o presidente do TCESP, Sidney Beraldo.

Os desentendimentos entre paulistas e o governo central começaram depois que o então presidente Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional, anulou a Constituição de 1891 e substituiu diversos governadores por interventores.

O estopim da guerra, entretanto, foram as mortes dos estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo. Assassinados no dia 23 de maio, durante conflito com militares após participarem de uma manifestação contra o presidente, os jovens se transformaram em mártires dos constitucionalistas e deram origem à sigla MMDC _um dos maiores símbolos da revolução.

O descontentamento em relação ao poder central uniu civis e militares e teve grande apoio popular no Estado. Segundo historiadores, enquanto homens iam para o campo de batalha, mulheres e crianças desempenhavam funções na retaguarda. Em um episódio marcante, paulistanas encarregadas da confecção de uniformes bordaram mensagens de encorajamento aos soldados nas peças que produziram.

Em outra demonstração de comprometimento, os comandantes da revolução, mesmo depois de derrotados, fizeram questão de prestar contas ao Tesouro sobre os recursos doados pela população paulista para os esforços de guerra.

O coronel da Polícia Militar Mário Fonseca Ventura, presidente da Sociedade Veteranos de 32 – MMDC, participou da solenidade. “A democracia conquistada foi o sentido nacional da revolução. A derrota é comemorada porque vencemos a ditadura. Hoje já temos 60 núcleos da sociedade constituídos pelo Brasil para preservar a história do país”, declarou Ventura.

Também esteve presente Antonio Carlos Luz Magalhães, presidente do núcleo da sociedade dentro do tribunal. Criado no ano passado, o grupo do TCESP pretende contribuir para manter a memória da guerra. “É importante manter os valores da defesa da democracia, bem como preservar a memória dos combatentes vivos, símbolos da revolução”, disse Magalhães, que no último domingo participou do desfile comemorativo de 9 de julho ao lado de outros funcionários do tribunal.

A parada aconteceu em frente ao Mausoléu do Obelisco Heróis de 32, no Ibirapuera, zona sul da capital, onde estão os restos mortais dos quatro estudantes e dos soldados que participaram do confronto.

“Hoje restam apenas 18 combatentes vivos. O mais novo deles tem 103 anos. Por isso, preservar a história é um dever de todos nós”, ressaltou o presidente do TCESP.

A nova Constituição brasileira foi promulgada em 1934, dois anos depois de encerrada a guerra.